sábado, 28 de junho de 2008

Interminável

Só em uma hipótese acabarão os conflitos entre Carlos Nelson e a direção da Santa Casa: se o prefeito decidir intervir no hospital. Possibilidade não remota. Absolutamente concreta.

Quando falo em intervenção, penso que ela pode ser dar por uma de duas vias. A intervenção direta, por ato oficial, sob determinados pretextos que possam encontrar abrigo na lei.

Nesse caso, afastam-se os dirigentes e a Prefeitura assume a administração. Imaginem a que isso levaria. Mas, não riam da possibilidade, achando que enlouqueci.

A outra forma de intervenção seria a de, por ocasião da renovação dos mandatos da mesa dirigente, infiltrar um nome afinado com a administração, senão dela mesma oriundo.

Qualquer que seja a via, acho que é apenas uma questão de quando. Do contrário, caso Carlos Nelson se reeleja, serão mais quatro anos de entreveros.

Não descarto, por último, até uma chance de o prefeito pensar em um hospital municipal. Se reeleito, quatro anos serão tempo suficiente para construir e pôr em funcionamento.

domingo, 22 de junho de 2008

Quase replay

As eleições de Mogi Guaçu vão se caracterizar quase como um replay das anteriores. Estão na disputa o ex-prefeito Walter Caveanha (PTB), Daniel Rossi (PDT) e Geraldo Ferreira Gonçalves (PMDB).

Caveanha tenta o quarto mandato. Daniel Rossi faz a quarta tentativa de chegar à Prefeitura. Gonçalves também disputa o Executivo pela primeira vez, mas já é vice-prefeito de Hélio Miachon Bueno pela segunda vez. Miachon, por seu lado, cumpre atualmente o terceiro mandato na Prefeitura.

O vice de Caveanha é Cláudio Bueno Martini (PSDB). Cao, como é conhecido, é filho do falecido ex-deputado Miguel Martini, que foi vice-prefeito de Carlos Nelson, quando este administrou Mogi Guaçu pela segunda vez.

Daniel Rossi terá como vice o médico João de Barros Neto (PRB). O vice de Geraldo Gonçalves é o também médico Abrão Nohra Neto (PMDB), que foi secretário de Saúde no atual governo de Miachon Bueno.

Nos próximos dias, o PV deve oficializar a candidatura do médico Paulo Eduardo de Barros, o Dr. Paulinho, que terá como vice o vereador Marçal Georges Damião (DEM). Paulinho é filho do ex-vereador mogimiriano Ademar de Barros.

A novidade verde

Excluída a indicação de Flávia Rossi como vice de Carlos Nelson, a novidade no cenário político-eleitoral de Mogi Mirim terminou sendo o PV. Habituado a conduzir-se a reboque de outras siglas, bateu o pé e vai para a disputa.
É consensual no seio do próprio partido que não há chances de a empreitada obter sucesso. Não há estrutura, não há militância, não há mão-de-obra para a campanha, sem contar ter faltado trabalho de preparação prévia.
Tenho escrito que eleição não se ganha na véspera, mas muito antes. Já vi vencedores de véspera serem derrotados nas urnas. Então, só posso interpretar que a atitude do PV se destina a marcar posição e se fazer inserir no contexto partidário local.
É válido sob a ótica individual da sigla. Mas, só isso será insuficiente. Se, fechadas as urnas, os verdes se recolherem de novo ao silêncio e ao esconderijo, vão chegar à próxima com o mesmo tamanho e chances rigorosamente iguais.
No mais, tudo previsível. O PT está sempre lá. O PSB, desde que abrigou Paulo Silva, é presença obrigatória. De tão ululante, a candidatura situacionista dispensa abordagem. Seja pelo nome do candidato, seja pelo rosário dos partidos que a cortejam.
O que é novo, portanto? É o PV. Afinal, quem imaginava que o partido não engrossaria a fileira da oposição? Pois é. Vai empreender carreira solo.

sábado, 21 de junho de 2008

Conta-gotas

1A vereadora Márcia Rótolli ganhou a parada. Teve seu mandato confirmado no Tribunal Regional Eleitoral, onde o PDT foi bater para pedir a sua cassação. Sequer houve julgamento do processo, já que a parte proponente da ação perdeu prazo para apresentar as alegações finais. Em resumo, o PDT local perdeu excelente chance de aproveitar melhor seu tempo, se é que o utiliza para alguma coisa. Desconfio: não teria sido feito algum acordo lá por cima para esquecer o caso? Afinal, PDT e PT são aliados sob o guarda-chuva de Lula. Do contrário, foi mesmo incompetência dos recorrentes – leia-se PDT.

2Quem detém mandato habitualmente sai em vantagem na disputa eleitoral, comparativamente aos que estão de fora. De repente, duas vagas na Câmara estão abertíssimas com as desistências de Marilene Mariottoni e Jonas Araújo Filho, o Joninhas. São votos soltos por aí. Meto o bedelho: não desistiram por razões de fundo, por decisão brotada do fundo da alma. Decidiram por circunstanciais. Ambos ficaram acantonados. Ir para onde? Ora, ir para casa.

3Recebi de Fábio Augusto Mendonça, graduado em Matemática pela Unicamp e membro do PV, interessantes considerações acerca do que escrevi há uma semana, abordando a precariedade dos nossos partidos políticos. De fundamental, ela dá uma lição: não se muda um quadro desses por fora. É preciso mergulhar no interior, agir, participar, atuar, combater, brigar. “Minha conclusão mostrou-me que devemos nos aproximar o máximo possível da política e dos partidos políticos, a fim de sanar e contribuir para melhoria do que está incorreto”, afirma. Digo: é isso mesmo, professor.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Como Zagallo

A vereadora Márcia Rótolli de Oliveira Masotti ganhou a parada. Teve seu mandato preservado em julgamento no Tribunal Regional Eleitoral, onde o PDT foi bater para pedir a cassação da vereadora.
Eleita pela sigla trabalhista, mais tarde e ao cabo de intensas desavenças com o prefeito Carlos Nelson Bueno, Márcia filiou-se ao PT. O PDT pensou ter sido caracterizada a infidelidade. O Tribunal pensou diferente.
Resultado: o PDT perdeu duas vezes. Perdeu a cadeira na Câmara Municipal e a disputa na corte eleitoral estadual. Pela cabeça de Márcia talvez esteja passando a célebre frase de Zagallo: vão ter que me engolir.

domingo, 15 de junho de 2008

Espetáculo de horror!

No fim, vai dar os mesmos de sempre. Brasil, Argentina, Paraguai e Colômbia devem ir à Copa do Mundo. Mas, que coisa feia foram os jogos deste domingo.

A Argentina simplesmente sucumbiu ante o modestíssimo Equador e só se salvou do vexame maior além da hora. Deu sorte e se serviu da ingenuidade do adversário.

Agora, o Brasil, pelo amor de Deus. Que coisa horrorosa. Um monte de jogadores correndo de um lado para o outro, sem qualquer organização, sem qualquer inspiração e com um técnico atônito na beirada do campo, sem saber o que fazer.

Perdemos para um time que tem, como sua maior estrela, um jogador com profunda semelhança com um barril de chopp: redondinho, gorduchinho, como se parece o Cabañas.

Resumo da seguinte maneira: é nome demais para futebol de menos. Vamos sofrer muito para chegar à África do Sul.

sábado, 14 de junho de 2008

Nas mãos de poucos

Por mais próximas que sejam, cada cidade tem suas características e particularidades. Casos de Mogi Mirim e Mogi Guaçu, hoje quase um tecido urbano único.

Pois bem. Nos últimos 35 anos, a partir de 1973, Mogi Mirim teve seis prefeitos. Mogi Guaçu só três. Uma profunda concentração de poder e uma clara demonstração da falta de oxigenação do quadro político.

No período, Mogi Guaçu foi governada por Carlos Nelson, Hélio Miachon e Walter Caveanha. Em Mogi Mirim, tomaram assento na cadeira do Executivo Luiz Netto, Ricardo Brandão, Romeu Bordignon, Jamil Bacar, Paulo Silva e Carlos Nelson.

E quem, entre outros, está na disputa nas duas cidades. Walter Caveanha em Mogi Guaçu e Carlos Nelson em Mogi Mirim. Dependendo do que aconteça, nada mudará nas duas cidades sob o ponto de vista de rotatividade de nome.

Se Caveanha e Carlos Nelson vencerem, continuarão sendo três em Guaçu e seis em Mirim. Será que eu não tenho razão quando sinto falta de interesse de lideranças, ou cidadãos simplesmente, das duas cidades por governar sua terra, oferecer contribuição aos seus conterrâneos?

Não é um fenômeno normal. Não é também exclusividade das duas cidades. E por isso mesmo é intrigante. Demonstra generalizado e crescente desinteresse pela atividade política, que vai se concentrando em poucas mãos. O mais grave: não há sinais no horizonte.
_______
Corrigido. De fato, omiti o nome de Ricardo Brandão.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Abaixo do rabo

Os partidos políticos desfrutam de um nada invejável estado de desmoralização. Eles não são confiáveis para 88% dos brasileiros, conforme revela o Barômetro de Confiança nas Instituições Brasileiras, da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros).

O levantamento foi feito pelo Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas). Entre 17 instituições avaliadas, os partidos políticos aparecem em último lugar. É o pódio ao inverso.

Basta isso como informação para consolidar minha convicção de que, rigorosamente, não temos partido político algum. Temos sim um emaranhado de organizações que não cumprem minimamente suas finalidades e apenas servem a interesses grupais.

Ora, jamais será possível melhorar a gestão pública e a representação popular se os partidos políticos continuarem sendo, no conjunto, essa casa de tolerância, essa zona de meretrício em que se configuram.

Eu sempre defendo que, se a população é mal representada por políticos ruins, insinceros, incapazes e desonestos, dela é a responsabilidade pela escolha. O eleitor pouco usa o filtro que tem em mãos.

É fato também – e fundamentalmente relevante – que os nomes oferecidos pelos partidos são de tão má qualidade que se torna difícil filtrar, excluindo os indesejáveis. Sobram pouquíssimas alternativas.

Em resumo, as agremiações partidárias estão, sob o ponto de vista de reputação, abaixo de rabo de cachorro. O que explica muito, mas muito, porque o Brasil é do jeito que é.

sábado, 7 de junho de 2008

Foi fatal

Em 26 de novembro de 2007, o presidente do PTB, José Antonio Scomparin, afirmou com todas as letras que o partido se julgava no direito de indicar o vice de Carlos Nelson para as eleições deste ano.

“Agora, é a nossa vez”, afirmou na ocasião. O argumento era o de que, na eleição anterior, em 2004, o PTB abriu mão da posição em favor de Romeu Bordignon, para agregar o PMDB à coligação.

Em conversas reservadas, fontes petebistas sempre consideravam que o partido foi decisivo para a eleição de Carlos Nelson à Prefeitura. Mais: julgavam mesmo que, sem o PTB, o ex-prefeito de Mogi Guaçu não teria sucesso naquela eleição.

Faltou ao PTB a compreensão de algumas regras da política. A principal delas: ninguém é coisa alguma de véspera. A segunda: posições não caem no colo pela força da gravidade. E a última: em política não há direito, mas conveniência.

Pela conduta antecedente e por cultivar um sonho que, constata-se agora, era absolutamente irreal, o PTB foi o partido que saiu mais chamuscado da decisão que elevou Flávia Rossi à condição de vice de Carlos Nelson.

O partido foi com excessiva volúpia ao pote e o quebrou. Além de ter operado com uma ingenuidade de guri. Pagou o preço, o duro preço da decepção. E nada tem a cobrar, desde que jamais se soube haver compromisso de Carlos Nelson ou do grupo de que o vice seria do partido. O açodamento foi fatal.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Como ele queria

Eu sempre desconfiei que seria do jeito que foi. E a algumas pessoas que toleram me ouvir, cheguei a afirmar: o vice vai ser quem o Carlos Nelson quiser.

Para mim, havia dois entre os quais o prefeito gostaria de escolher o vice: Gerson Rossi e Sidney Carvalho. Não listava Flávia Rossi, ainda que Carlos Nelson sempre tenha admirado o trabalho dela na Educação.

A escolha me surpreendeu pelo nome. Ultimamente, via Gerson fora da disputa, queimado na fogueira que ardeu entre dirigentes de partidos da base. Apostava em Sidney. Errei.

Não errei na minha suspeição. Carlos Nelson armou a cena de que o vice, não sendo Romeu Bordignon, seria alguém que emergisse do consenso da base. Consenso que sabia impossível.

Digo mais: Carlos Nelson sorria por dentro com as estripulias dos aliados, incapazes de se entender. Cada trapalhada que se sucedia punha a decisão cada vez mais em suas mãos.

Carlos Nelson sabia que chegaria o dia de dizer aos mal-comportados pupilos: “já que vocês não entram em acordo, o escolhido é...”. Suspeito que foi mais ou menos assim.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

É por aí, doutor!

A liminar que sustou o início da construção dos 433 apartamentos do Jardim Linda Chaib caiu. O Tribunal de Justiça acolheu agravo de instrumento apresentado pela Prefeitura, suspendendo a liminar concedida pela juíza Cláudia Regina Nunes em ação da promotora Cristiane de Souza Hillal.

A obra está liberada, ainda que o mérito a ação ainda dependa de julgamento. Tudo muito simples, tudo dentro dos “conformes”. Questões judiciais se discutem na esfera judicial, não em microfone de rádio.

Carlos Nelson se precipitou ao mover sua bazuca contra a juíza e a promotora. Cada qual fez o que melhor lhe aconselhou sua consciência. Assim como agora o Tribunal. E a Corte Estadual não decidiu por saber que o prefeito andou bravo por aqui.

Apenas achou incabível a decisão liminar de primeira instância. Decidiu mansa e calmamente, como devem agir todas as pessoas incumbidas de responsabilidades públicas. É por aí, caro doutor!